Terça-feira, 7 de Setembro de 2010

Não é difícil afirmar-se que Arrifana de Sousa foi povoação e burgo plurissecular. Precisá-lo desde quando, com inteira exactidão, é que não será nada fácil, para não dizer impossível. O celebrado autor das Memórias dos Mosteiros de Bustelo e Paço de Sousa - Fr. A. da Assunção Meireles -, por cujas mãos passaram centenas de documentos medievos concernentes à história da região de Penafiel, limitou-se a escrever a esse respeito que «não aparece tal nome antes do meio do século 13.°» e ainda que, no final do séc. XI, a sua «existência é sumamente duvidosa» (of. Memória I do Most. de Bustelo, ms. , fls. 2 v. e 3). Acerca de toda a Arrifana existente no País, lê-se no vol. XXXVIII da G. Enciclopédia Port. e Bras. (Apêndice), que se trata de «um dos topónimos que reúnem a singularidade de não aparecerem (ou apenas com extrema raridade) antes do séc. XII ou XIII (o caso documentado mais antigo, séc. XIII, parece ser Arrifana do chão da actual cidade de Penafiel, e pode vir de antes da Nacionalidade) e de, apesar da procedência arábica, serem muito mais abundantes ao Norte (...)». Na inquirição de 1258 relativa à freguesia de S. Martinho de Moazares (a forma Moazeres não será realmente mais tardia?), dentro de cuja área estivera compreendido o burgo arrifanense, encontram-se referências, mais ou menos pormenorizadas, a respeito de vários lugares da freguesia, ao longo desse texto do séc. XIII, sendo de notar que só ao findar o régio inquérito o «prelado» Martinho Mauro nomeia «Arrifana» de modo tão acidental que deixa compreender bem o valor secundário que tinha essa povoação, naquela época remota. Trata-se da passagem em que o pároco de Moazares testemunhara que «os homens de Arrifana acarretaram a pedra» (homines de Arrifana caretaverunt petram) para a construção de umas «casas» e «pombais» de um tal Martinho...

Em 1258, há quantos anos existiria Arrifana? Pode ser muito bem que já tivera séculos de existência, como topónimo e como povoação, mas ignoro documento algum que o comprove.

Nos fins do séc. XIV ou decurso do século de quatrocentos, Arrifana de Sousa experimentou um grande surto de desenvolvimento - vistas as coisas à luz do progresso das povoações naquelas eras distantes, claro está. A prova de que assim acontecera é que no ano de 1452 o burgo de Arrifana já possuía uma «igreja do Santo Espírito», que não gozava, é certo, de autonomia, mas cuja existência deve tomar-se como índice de quanto havia progredido aquele lugar da freguesia de Moazares.
MONAQUINO
In jornal Notícias de Penafiel, 1970-02-27, p.06


publicado por candeiavelha às 00:36 | link do post

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