Por lealdade devida ao prezado leitor, tenho de confessar não haver conseguido desfazer todas as «dúvidas sérias» que levava no meu espírito a quando da minha primeira visita a S. Bartolomeu de Louredo. A principal delas consiste em não saber ao certo se a igreja da invocação de S. Bartolomeu chegou a constituir algum dia sede de uma paróquia. Baseado na opinião de autores muito conscienciosos e eruditos, arrisquei-me a dizer da última vez que ela houvera sido «igreja paroquial», mas reconheço agora que essa afirmação tem de sujeitar-se a uma certa reserva, como veremos. Para fugir a longas citações, vou referir-me apenas ao parecer de três autores, dois dos quais dos nossos dias que ao menos indirectamente se ocuparam deste assunto. Em primeiro lugar, o douto beneditino Fr. A. da Assunção Meireles. Nas suas Memórias do Most. de Paço de Sousa - Lisboa. 1942, p. 80 -, aludindo à «igreja» de Louredo, de S. Martinho de Penafiel, chama-lhe expressamente «paróquia de S. Bartolomeu». O P.e J. Monteiro de Aguiar estribado na mesma passagem da obra de Fr. Meireles, ao enumerar as «igrejas paroquiais», de origem medieval, na «terra de Penafiel», incluiu nelas a de S. Bartolomeu (v. Louredo - A Terra de Penafiel - Porto, 1943, p. 60). Abílio Miranda, no seu opúsculo A Freguesia de S. Martinho de Moazares, p. 14, nota (b), expressa da seguinte maneira a sua «certeza» acerca da igreja de S. Bartolomeu ter sido paroquial: «Apesar da grande documentação que tenho referente à Igreja de S. Bartolomeu de Louredo, nunca consegui determinar a época em que ela foi paroquial, chegando mesmo a duvidar que o tivesse sido: mas soube, porém, ainda há pouco tempo, que numas escavações feitas pelo sr. Simão Júlio da Mota Barbosa, com o fim de abrir uns cavoucos, foram encontradas, junto desta igreja, muitas ossadas; facto este, que nos dá a certeza de ter ela sido paroquial». É indiscutível que existiu um cemitério junto da igreja de S. Bartolomeu, de que subsiste ainda um reduzidíssimo número de sepulturas - que todas as demais foram sacrificadas a fins puramente utilitários - Deus meu! -, de mero interesse particular...
COM A COLOBORAÇÂO DO