Terça-feira, 7 de Setembro de 2010

Senhor me perdoe, se é caso de vanglória, mas eu muito queria ser capaz de difundir alguma luz. Haverá alguém que não goste de fazer o jeito de alumiar a quem tropeça na escuridão? Antigamente, como é sabido, houve uma espécie de serviço público desempenhado por aquele a quem se dava o nome de facheiro. O facheiro estava encarregado de acender uma fogueira no cimo dos montes a fim de orientar os viandantes, em noites de treva densa, ou de prevenir as gentes de algum perigo iminente. Quem não conhece um Monte do Facho ou nunca reparou naqueles dois utensílios de ferro, de estranha forma de cesta, também chamados facheiros, que estão dependurados à entrada do nosso Museu?

A quando da segunda invasão francesa, segundo ouvi dizer aos anciãos, na minha juventude, o processo ainda estava em uso em terras de Penafiel. Assim acontecera em Rio de Moinhos, no alto do Senhor dos Remédios, para se avisar o povo da aproximação das hostes napoleónicas. E a propósito, ainda existirá em Peroselo a família dos Facheiros, que conheci muito bem no tempo de menino e moço? Útil e simpático ofício o de facheiro. Por amor do bem comum, tenho pena de não ser, não digo um luminar ou luzeiro - seria estulta pretensão! - mas ao menos um bom facheiro. Como não há esse emprego no nosso tempo, o remédio é ter paciência.

Neste século de luzes verdadeiramente estonteantes, já me contentava sequer em guiar algum ceguinho com a frouxa luz da minha pobre «candeia velha»... E agora, à maneira de fecho destas desalinhadas palavras, direi que para outra «vez, se Deus quiser, hei-de dar a razão de ser do nome esquisito por que hoje sou conhecido e com que me vou assinar:

 

 

MONAQUINO
In Jornal de Notícias de Penafiel, 1969-04-25, p.04


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