Terça-feira, 7 de Setembro de 2010

Gosto do nome Valério. Era interessante estudarem-se as razões que às vezes nos levam a aborrecer ou simpatizar com os nomes das pessoas; os motivos da nossa predilecção ou antipatia por eles, são muito variados. Era um estudo que dava matéria bastante para longo tratado: relações da psicologia com a antroponímia. Reportando-me ao caso do nome Valério, parece-me que não andarei longe da verdade se disser que engracei com ele por lhe ter encontrado acentuado sabor latino e certa expressão de energia varonil. Seja como for, a verdade é que sempre gostei desse nome. Daí nasceu certamente a curiosidade, que tive em tempos, de saber quando e como ele entrara no sobrenome de uma família respeitável, há muito radicada na freg.a de Lagares. Após trabalhosa indagação, pude concluir que o sobrenome Barbosa - ainda sobrevivente e cheio de vitalidade em descendentes do mais antigo Valério - é muito mais velho que este. Não queria meter-me em explanações de carácter genealógico (há pessoas muito alérgicas a estas coisas...), mas para evitar o risco de não ser acreditado, o prezado leitor vai consentir que deixe aqui um ligeiro apontamento dessa natureza. Uma Isabel Barbosa - filha de Gaspar Lopes e de outra Isabel Barbosa, nascida em Ordins a 8-1-1622 - casou em Lagares, a 27-11-1645, com Manuel André, de S. Vic.te do Pinheiro Isabel Barbosa e Manuel André foram os avós paternos do primeiro Valério que encontrei na família - filho de Gonçalo Barbosa, de Ordins, e de sua mulher Ana Luís, natural de S. João da Foz do Sousa, casados nesta freg.a a 10-10-1693. Esse Valério foi baptizado, em 20-6-1696, por um seu tio paterno, o P.e Domingos Lopes Barbosa, tendo sido padrinhos o Reitor de Lagares - P.e João de Oliveira Vaz - mais Agostinha, irmã do pai do menino.

Agora dou conta de estar a faltar à promessa que fiz de versar seguidamente, até final, o tema da escravatura. De facto, desta vez, ainda não se viram aqui jeitos de peugada de escravos... Na verdade, tinha hoje em mente ocupar-me sobretudo de um Simeão - irmão inteiro de Valério - que se ordenou de sacerdote, viveu alguns anos no Brasil, foi senhor de um escravo e regressou daquelas paragens com uns bons milhares de cruzados. Tencionava falar dele e do seu escravo, mas aconteceu que a ideia, como diz o povo, puxou-me muito mais para o Valério. Talvez efeito da fascinação do nome...
Na próxima vez, sem desfazer no Valério, hei-de dar preferência ao P.e Simeão e ao negro seu escravo.
MONAQUINO
In jornal Notícias de Penafiel, 1969-09-19, p.06



publicado por candeiavelha às 00:22 | link do post

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