No «Relatório do Movimento R da Diocese do Porto» - relativo ao ano 1922-23, publicado em 1921 - o P.e Dr. H. Alves da Rocha, então pároco de Lagares e vigário da vara, escreveu uma pequena notícia histórica em que se aponta S. Antonino como orago da capela pública «onde se venera N. Sr.ª da Lapa e tem sua sede a confraria dos Santos Passos e das Almas». Tinha-se presente esta notícia ao ser redigido o ligeiro apontamento acerca da mencionada capela, aqui publicado na pretérita semana. O caso foi objecto de reflexão, mas não se lhe fez referência porque as fontes, em que se encontra baseada a afirmação do autor, não são consideradas fidedignas, e a hipótese formulada parece inaceitável. No entanto, é sabido que S. Antonino vive na tradição oral da freguesia e a imagem tem assento no altar-mor da capela.
Como e quando terá começado em Lagares o seu culto? Que santo «eremítico» e «mártir» terá sido ele?
Apesar de muita indagação, nada de certo consegui apurar a respeito de S. Antonino. Alguém poderia dar uma achega que espevitasse a luz da nossa candeia? Agradecia-se.
Posto isto, falemos dos obreiros da restauração da referida capela em meados do século passado. Entre todos foi seu maioral Manuel de Sousa Rangel. Este senhor Rangel nasceu na Casa de S. Julião em S. Tiago da Capela, a 6-3-1808, e
foi baptizada pelo P.e
Manuel de S.a Rangel, irmão de seu pai, sendo padrinho um seu tio-avô paterno, P. António de S.a Rangel - ao tempo pároco da freguesia. Manuel Rangel fora casado com D. Maria Pereira do Lago, da Casa do Souto, em Guilhufe, onde veio a falecer, sem descendência, a 3-4-1878.
O trisavô paterno de Manuel Rangel, chamado Manuel André nascido a 18-2-1642 e casado na freg.ª da Capela, com Antónia Luís da Rocha, em 30-1-1678 - já usava o sobrenome Rangel e vivera com seus pais Domingos Jorge e Isabel André na sua Casa de S. Julião. Há séculos radicada neste lugar, a família Rangel conta bastantes eclesiásticos e algum frade, em sucessivas gerações. O facto de Manuel Rangel ter posto a sua generosidade ao serviço da restauração de uma capela fora da área da sua freg.ª, explicar-se-á pela circunstância de sua mãe - Marta Teresa, casada com António de S.a Rangel ser natural de Quintandónega (sic), em Lagares; melhor, talvez por via de sua bisavó paterna - Catarina de Sousa, mulher de Manuel Rangel da Rocha (com quem casou a 5-5-1726) - ter ido para S. Julião da Casa de Aldeia de Baixo, da mesma paróquia lagarense. Esta razão deve ter influído bastante no ânimo de Manuel Rangel, pois encontrámo-lo a restaurar a velha ermida de mãos dadas com três sacerdotes irmãos, seus parentes pelo lado paterno, oriundos da Casa de Aldeia de Baixo. Vê-los-emos todos empenhados nessa meritória tarefa.
MONAQUINO
In jornal Notícias de Penafiel, 1969-11-21, p.06