São três irmãs que vão casar, sobrinhas do cónego Domingos. Somente havia nomeado a Mariana mais a Teresa, mas hoje acrescento a Perpétua.Como as outras duas donzelas, fora esta um dia de casa de seus legítimos pais, em Vilarinho de Peroselo, para a Quinta da Boavista, junto aos muros da cidade do Porto, que pertencia ao seu tio cón. Domingos Ribeiro Nunes. Mas antes de prosseguir, será melhor justificar-me da omissão cometida.Foi o seguinte. As duas primeiras sobrinhas é que foram casadas pelo tio cónego; tendo ele falecido antes do consórcio da Perpétua Luísa, coube ao sobrinho, seu homónimo, o gosto de o realizar. Quer dizer, o Domingos (júnior) não só foi sucessor no canonicato do tio, mas também dele herdou a arte difícil de promover bons casamentos...Dada a justificação, vamos agora ocupar-nos do enlace matrimonial das três sobrinhas do cónego Domingos (sénior).Como tenho, na minha arca velha, abundante documentação a respeito de cada uma delas, vou contar as coisas bastante por miúdo, de modo que hoje não irei mais além da apresentação do noivo da Mariana Luísa Clara, que foi a primeira a casar. O senhor a desposar pela D. Mariana tem um nome completo de muita importância social, dentro da nossa região: Jerónimo de Araújo Leão de Macedo e Melo. Sem dúvida, nome muito bem sonante!Foi ele nascido em Valpedre, na Quinta das Quintãs. Esta casa e quinta, desde remotas eras, andou na posse dos Araújos — gente da melhor sociedade, no quadro geral das famílias de antanho de Valpedre, S. Vic. do Pinheiro e outras freguesias circunvizinhas. Não se pode duvidar da estirpe fidalga do noivo. Embora não se aprofunde aqui tal assunto — muito da predilecção dos linhagistas — sempre convém falar, em breve resenha, dos ascendentes mais próximos de Jerónimo.Foram seus pais o Capitão António de Araújo Leão e Águeda de Macedo e Melo, casados em 1701. Em primeiro lugar a ascendência paterna.O apelido Araújo entrou naquela Casa das Quintãs, pelo casamento de Isabel de Araújo com António da Rocha, avós do referido capitão, pelo lado do seu pai. A mãe de Isabel, chamada Ângela de Araújo — casada em 1604 com Gonçalo Fernandes — era filha de Cristóvão Soares e Isabel Carvalha. Cristóvão Soares era irmão do Ab.e Afonso Soares, fundador do Morgadio das Quintãs, em S. Vicente do Pinheiro.Jerónimo de Araújo Leão de Macedo e Melo, pelo lado materno, vai entroncar na mesma família dos Soares de S. Vicente do Pinheiro e na dos Macedos e Melos da freguesia de Fonte Arcada, sendo estes outrossim de fidalga geração. Ora veja-se como é.Águeda de Macedo e Melo, mãe de Jerónimo, era filha de Isabel Barbosa da Cunha — nascida esta na Quinta de Vila Verde, em S. Vicente do Pinheiro (dos Soares das Quintãs) — do seu legítimo 2.º marido Jerónimo de Macedo e Melo, moradores que foram em S. Tiago de Fonte Arcada.O pouco que se disse acerca da genealogia de Jerónimo bastará para ninguém pôr em dúvida a distinta linhagem do noivo de Mariana Luísa Clara.Esta sobrinha do cón. Domingos, nascida em Vilarinho de Peroselo, não poderia apresentar-se com fidalguia de pergaminhos, mas decerto possuía muita nobreza de alma e coração, aliada a uma educação primorosa que pudera adquirir em casa do seu tio, na Quinta da Boavista.Os amigos leitores querem assistir ao auspicioso enlace de Jerónimo e Mariana?Pois venham, que hão-de gostar!
MONAQUINO
In jornal Notícias de Penafiel, 1971-12-31, p.04
COM A COLOBORAÇÂO DO