Terça-feira, 07.09.10
Na semana que passou, fiquei-me a assistir à boda do casamento de António Lopes com Ana Moreira, em Peroselo, realizada no dia 17 de Agosto de 1676. Decorreu ela mesmo à beirinha da Igreja, na casa conhecida hoje por moradia da quinta do Couto, não se pode duvidar, foi uma festa de família muito alegre e simpática, porque de muita intimidade. Lá estavam os familiares e próximos parentes da Casa da Igreja e lá estaria também a gente mais íntima da Casa de Pegas, onde foi nado e criado António Lopes. A atenção do meu espírito naquela hora não convergiu sobretudo para o lindo par dos recém-casados, mas antes se fixou em dois jovens «estudantes» ali presentes. Ambos foram «testemunhas» daquele «recebimento», como ficou expresso no assento do Livro do Registo Paroquial.
Um deles chamava-se João Lopes, irmão legítimo do noivo; era o outro de nome Manuel Moreira, irmão por inteiro da desposada Ana.
Amigos e companheiros de estudo no Porto, ambos se destinaram à vida sacerdotal. João Lopes
ordenou-se, mas veio a falecer, a 26-4-1686, em Peroselo, apenas com 36 anos de idade. A morte deste P.e João Lopes foi decerto muito sentida em toda a família. Digo isto porque, ao organizar a árvore genealógica da Casa de Pegas, apareceu-me em três gerações seguidas um padre com o nome de João Lopes.
Quanto ao seu companheiro e amigo Manuel Moreira, já os leitores sabem que se trata do jovem que um dia o povo havia de
canonizar, chamando-lhe «Cónego Santo».
A seu respeito só agora queria pôr em relevo o quanto contribuiu ele para a esplêndida floração de vocações sacerdotais, havidas no seu tempo em Peroselo
mercê do magnífico exemplo de vida mui virtuosa, do seu inesgotável amor de ajudar os outros e consequente prestígio social que adveio à sua pessoa de Padre. Para fugir a maior digressão, apenas me vou referir hoje a alguns sacerdotes de então, oriundos da Casa
de Pegas, que passaram como tantos outros pela Casa de S. André, no Porto.
Uma irmã de António Lopes marido de Ana Moreira chamada Francisca Dias, sucedeu na morada dos pais, tendo casado em 1688 com Tomé Rodrigues. Dos seis filhos nascidos deste casal, três foram sacerdotes exemplares e chegaram a fazer parte do Cabido da Catedral portuense, posto que não fossem de verdade Cónegos, no sentido estrito da palavra. Elementos integrados no Cabido, não usufruíam categoria tão alta como tantos que houve, chamavam-se «meios-cónegos» e também «benefiados». Foram eles os irmãos Jerónimo Lopes, Tomé Rodrigues e João Lopes. O P.e Jerónimo tomou posse duma «meia bacharelia» na Sé do Porto em 1714, tendo renunciado a ela em 1741, a favor do seu irmão P.e João Lopes, a fim de ser provido na freg.a de Vila Cova de Carros, no actual conc.o de Paredes. Acabara seus dias a 22-6-1788. O Beneficiado João Lopes faleceu no Porto, a 28-11-1771. Foi sepultado na Sé. O P.e Tomé Rodrigues foi empossado também em «meia bacharelia» em 13-2-1717. O seu falecimento ocorreu em 26-10-1768. Teve sepultura na Catedral do Porto.
A procissão dos semi-cónegos da Casa de Pegas ainda não terminou. Para não abusar da vossa paciência, não se vai hoje mais além. Fica para outra vez!
MONAQUINO
In jornal Notícias de Penafiel, 1971-07-16, p.04



publicado por candeiavelha às 06:15 | link do post

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