Terça-feira, 07.09.10

A velha ermida de S. António, na freguesia de Lagares - talvez anterior ao séc. XVI - remoçou de algum modo da sua decrepitude por fins do século de seiscentos, graças à introdução que nela se fez do culto da Senhora da Lapa. Em 1757, novo surto de vitalidade experimentou ao ser escolhida para sede de confraria dos Santos Passos e das Almas, com o beneplácito de Bento XIV. Pelos seus estatutos sabemos prover-se naquele tempo a assistência espiritual e temporal dos confrades, pois os irmãos pobres, além dos sufrágios, tinham direito a médico, remédios e mortalha. Esplêndida acção social a igreja desenvolveu outrora através das confrarias; pena é que em nossos dias elas tivessem perdido tão simpática função humanitária!

Com o decorrer do tempo, o esfriamento do culto da Senhora da Lapa, aliado a outros factores, levou a ermida à beira da sua completa ruína. No segundo quartel do séc. XIX, surgiu um grupo de homens, cheios de ardorosa Fé, que se propuseram restaurar a capela da Senhora da Lapa. À frente, como já se disse, estava Manuel de Sousa Rangel. Esses beneméritos, «com esmolas por eles mesmos ofertadas e com outras que por sua diligência obtiveram, reedificaram, de 1844 a 1852, a sobredita capela, dando-lhe muito maiores dimensões». A partir de 1855, foi também construída, junto da reformada ermida, uma torre e uma casa «com destino a colégio», onde um capelão «dava aulas de primeiras letras e gramática latina e ensinava a doutrina cristã aos meninos». Foi ainda nesse tempo que se projectou um plano para erecção de «quinze capelas dos Passos e Calvário».
Já é tempo de nomear aqui os principais colaboradores de Manuel de S. Rangel. Foram eles os padres Fr. João e Fr. José, frades da Província da Soledade - egressos em 1834, por força da extinção dos conventos - e mais o P.e Joaquim Moreira da Rocha e Sousa - três irmãos nascidos na Casa da Aldeia de Baixo, em Lagares. É plurissecular a permanência neste lugar da família desses clérigos. A sua ascendência vai entroncar, no séc. XVI, com os pais do fundador da igreja da Misericórdia de Penafiel - o P.e L.° Amaro Moreira de Meireles. A relativa importância social e económica da Casa da Aldeia de Baixo deriva mais proximamente do facto de André de Sousa - f.° leg.o de António de Sousa e de Jerónimo Antónia, casados em 22-5-1693 e residentes na referida moradia - ter realizado o seu casamento, a 17-11-1727, com Antónia Moreira de Sousa, da Casa de Vila Meã, na freg.a da Capela. Este André e sua mulher Antónia foram os bisavôs paternos dos três sacerdotes acima mencionados. Um sobrinho destes eclesiásticos, chamado Manuel Moreira Rodrigues Lopes - f.° leg.o de seu irmão António e de sua mulher Violante Rosa Rodrigues Lopes, natural da Casa de Gilferros, casados em Lagares, a 28-8-1837 - foi quem herdou de Manuel de S. Rangel as suas casas e cerca, sitas na Senhora da Lapa, como consta do testamento com que este faleceu, registado no L.° 26 da Administração do conc.º de Penafiel.
MONAQUINO


publicado por candeiavelha às 00:29 | link do post

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