Lembra-me agora insistentemente uma frase ouvida ao P.e Américo dos Gaiatos, em solene momento, em Coimbra, no verão de 1929. Achei-a então original, como original foi ele em toda a vida: «já não tenho tempo de perder tempo!».
Afadigado em ordenar nesta altura coisas velhas, arrecadadas ao longo de bastantes anos, dá-me vontade, de repetir e glosar o engraçado trocadilho do Amériquinho do Bairro (assim o designávamos então). Quer isto dizer que me sinto desejoso de confinar a minha actividade de espírito, no presente, só nos domínios do que é muito positivo e concreto. Defeito ou virtude, que o digam os entendidos...
Recorda-se alguém de se ter falado aqui do Dr. Benjamim Pereira Monteiro, da Avenida Calogeras, no Rio de Janeiro? Mesmo sem lembrança alguma disso, estará dentro da linha do falado concretismo — presentemente tanto da minha predilecção — oferecer aos meus amigos a leitura de uma das cartas que recebi, há uns anos, do Dr. Benjamim. Vai na forma, grafia e acentuação de origem, que tem melhor sabor. Ei-la:
Rio de Janeiro 21-7-1962
Presado (...)
Foi com imenso prazer que recebi a sua carta e o folheto sobre Penafiel, folheto que já está em lugar de honra na minha pequena mas selecionada biblioteca. E não fosse a infausta notícia da morte de Abílio de Miranda seria um dia de várias bolas brancas.
As cópias de assentamentos vieram preencher lacunas que eu já considerava impossíveis. Como as conseguio o Senhor? E a lista dos filhos do licenciado Francisco José Pereira Monteiro foi um presente principesco!
Junto envio uma biografia de meu Pae João P. Monteiro, que era neto do Francisco Pereira Monteiro, filho do Licenciado Francisco José e nascido em Penafiel em 12-2-1767 e que não consegui saber quando para cá veio. Mando uma breve relação de alguns da família.
E tomo a liberdade de fazer umas perguntas
1.º As notas e assentamentos que me enviou foram obtidas no Arquivo Distrital dos Registos Paroquiais, do Porto? Aliás, escrevi para esse Arquivo 3 cartas e não tive resposta. Coisa rara, tratando-se de Repartição Portuguesa. Eu perguntava se era possível obter o assentamento de batismo de Francisco José, filho de Domingos Pereira Monteiro e de Josepha Gomes, nascido e batisado na freguesia de CONSTANCE (Santa Eulália, da comarca de Sobre Tâmega, bispado do Porto). E o Francisco José Pereira Monteiro de quem me enviou o assentamento de casamento com Ana Joaquina Beça Veloso de Barbosa. Deve ter nascido entre os anos de 1720 e 1740
2.º Existe em Penafiel uma Quinta, hoje chamada do Laranjal e que se chamou «CavaIum» e pertenceu a algum Pereira Monteiro?
3.º Os Veloso e os Barbosas eram de Penafiel?
4.º Será possível obter o assentamento do Bernardo Luiz de Beça e Barbosa e de seu pae o Licenciado Manuel de Beça Barbosa?
5.º Segundo o saudoso Abilio de Miranda ainda existem os Huet Bacelar, da casa do Fofo e que eram ligados aos Monteiro? Terão eles alguma documentação genealógica e poderia eu escrever a algum deles pedindo informações?
6.º Existe livro, artigos em jornaes, ou algum trabalho sobre genealogia de famílias de Penafiel ou sua região?
E assim continuaria a formular perguntas, mas, creio que já o estou a maçar demasiado.
Tudo que o (...) possa me enviar sobre genealogias ligadas à família eu agradeço de coração.
E espero, para o ano, mais uma vez entrar Tejo a dentro, ver a brancura da Torre de Belém, subir o Chiado e ir tomar com V. S. um Porto, no Porto. Minha senhora é Parisiense, e irá visitar a família. Iremos como sempre, a Fátima e a Lourdes, e não deixaremos de Pedir a Deus que o tenha, (...), em sua santa Guarda.
Um abraço agradecido de
Benjamim Pereira Monteiro
MONAQUINO